Gus 10523 posts 02/08/2014 Gus 10523 posts 22/02/2021, 12:34 22/02/2021, 12:34 Há dias neste 2021 em que Simone Souza Bernardes, de 49 anos, deixa de comer para alimentar os filhos pequenos. Tem quinze. Mora com nove. Já estava enquadrada na linha de extrema pobreza antes da pandemia. Mas vive agora o medo maior: o de que um de seus filhos ou ela própria morra de fome. Quando come, é uma vez por dia. A família viveu um período menos dramático com o auxílio emergencial. No quintal com dez galinhas, sem água encanada, Simone conta com um poço artesiano e um fogão a lenha para cozinhar a exígua comida, quando surge. A pandemia a levou à miséria, salvo no período em que recebeu o auxílio mensal de R$ 1.200 pago pelo governo a mulheres que criam filhos sozinhas entre maio e setembro e de R$ 600 entre outubro e dezembro do ano passado. Ela sempre fez bicos para sobreviver, mas viu os serviços diminuírem. A despensa em que Simone costuma armazenar alimentos fica no quarto em que dorme com os filhos. Nunca esteve tão vazia. Guarda seis pacotes de feijão e um de sal. Sua única renda hoje é o Bolsa Família. Não dá para muita coisa. O feijão é herança do tempo, no ano passado, quando a igreja evangélica ao lado de seu casebre de madeira distribuía cestas básicas aos moradores do bairro de Campo Alegre, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde ela mora. Aquela quinta-feira era um dia de alívio, porque um vizinho trouxera abóbora, cenoura, batata e quiabo. Mesmo sem tempero, tinha no olhar a alegria de ter algo na panela para dar aos filhos. Aline, a mais nova, 6 anos, repetia todo o tempo que tinha fome. Não sossegou até encontrar uma forma com farelos de um bolo consumido há dias. Tratou de comer cada grão. Aquela mistura de legumes que a mãe preparava, já fora da hora do almoço, seria a única refeição do dia. O economista e pesquisador da FGV Daniel Duque, estudioso da desigualdade, calcula que cerca de 14% dos brasileiros que não eram pobres em 2019, antes da chegada do coronavírus, passaram a integrar as faixas da pobreza e da pobreza extrema no início de 2021 com o alto desemprego, a redução de atividades e o fim do auxílio emergencial. São 22 milhões de novos pobres. A nova pobreza também afeta quem já era pobre. Mesmo já na base da pirâmide social do país, Simone vive uma decadência econômica, que a leva agora à miséria. É um retrato de muitos que O GLOBO encontrou nas duas últimas semanas em áreas carentes do Rio e da Baixada Fluminense. Segundo Duque, 16% dos que já eram pobres em 2019 passaram para a extrema pobreza, com renda per capita inferior a R$ 157. São 6,2 milhões de pessoas. Daniel Souza, presidente do Conselho da ONG Ação da Cidadania, diz que os dirigentes da ONG em todos os estados têm ouvido relatos parecidos com os de Simone, mostrando como o brusco e repentino achatamento da renda provocado pela pandemia foi forte a ponto de trazer de volta a fome como rotina. Enquanto governo e Congresso não chegam a uma solução fiscal para viabilizar a volta do auxílio emergencial, o número de brasileiros em insegurança alimentar, sem ingerir o mínimo de calorias necessárias por dia, chega a 10,3 milhões nos cálculos da ONG. Vitória dos Santos Macedo, de 21 anos, era ambulante na praia. Com a pandemia, deixou de trabalhar. Vivendo com o marido no Vale dos Eucaliptos, em Senador de Vasconcelos, Zona Oeste do Rio, a casa deles não tem água encanada, nem fogão, nem geladeira Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo Simone Souza Bernardes, 49 anos. Ela e os filhos, Aline, 6 anos, Marcos e Naiara, de 15, vivem na zona rural de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo Com o alto preço do gás, Simone, de 49 anos, é obrigada a retroceder à lenha para cozinhar no quintal de casa Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo Dados mostram que, com impacto da queda de renda durante a pandemia, 14% dos brasileiros que não eram considerados pobres em 2019 estão nesta situação em 2021 Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo No caixote onde Simone está sentada, estão guardados os poucos mantimentos que se tem para a família, um pouco de farinha e feijão Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo A pequena Aline come as migalhas de um bolo Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo Casal Gustavo Moura e Naomi da Silva, no quartinho onde vivem no Jardim dos Eucaliptos, em Senador Vasconcellos. Eles estão sem trabalhar e esperam o primeiro filho Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo Júlio, que preferiu não mostrar o rosto, era lanterneiro e perdeu o emprego na pandemia. Com problemas na família, foi morar recentemente na rua, dormindo na Praça Jardim do Méier, Zona Norte do Rio Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo — Tenho certeza de que, em 2022, quando o Mapa da Fome for reeditado, o Brasil estará lá. É o que estamos vendo país afora. Tínhamos saído em 2014 — lembra Souza 'Com o fim do auxílio, a escala dessa insegurança aumenta. Mesmo que volte, reverter isso será muito difícil', diz o coordenador — A fome voltou — corrobora Gonzalo Vecina, professor de Saúde Pública da USP. Eliane Moura Ribeiro cozinha com lenha nos fundos da casa porque não tem dinheiro para gás. Comemora quando tem salsicha Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo A lenha de Simone é um jeito de evitar o botijão de gás, que chega a custar de R$ 100 a R$ 150 na vizinhança. Ela ganhou de presente um fogão a gás, mas não usa.[/b] Antes da pandemia, com os bicos que fazia, a dona de casa, que já trabalhou num lixão próximo dali, conseguia até R$ 600 por mês. No quadro de medo em que vive, as galinhas no quintal se tornaram fonte de renda. Em vez de alimentar a família com elas, vende cada uma a R$ 30 para comprar pescoço e pé no açougue. Com isso, consegue comprar comida em maior quantidade, explica. 'O maior medo da minha vida é a fome. Nunca foi fácil, mas agora ficou bem ruim. Tinha melhorado com o auxílio. Comi três vezes por dia. Hoje, como o que aparece. Fubá, arroz, o que for', diz Simone, que chora, num olhar distante Eliane Moreira Ribeiro, de 64 anos, abandonou o fogão e improvisa um a lenha. Ela mora no Vale dos Eucaliptos, uma comunidade em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, que tem sinais do agravamento da pobreza por todos os lados, assim como tantas outras da segunda maior cidade do país. O que salva a família é o benefício que o filho, Elias Moura, de 23 anos, com síndrome de Down, recebe do governo — pouco mais de um salário mínimo. Ao lado da casa dela, em um quarto, vive o filho mais velho, Gustavo Moura, de 30 anos. Panelas vazias: Gustavo Moura e Naomi da Silva, vivem no quartinho ao lado da casa da mãe dele, Eliane. Eles esperam um filho, mas não têm trabalho e nem renda Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo Ele já chegou a ganhar R$ 1.400 por mês como operário em obras. Agora, com a mulher, Naomi Silva, de 18 anos , grávida de três meses, vê a procura por serviços como os que sabe fazer cair. A família se alimenta com cestas básicas que eventualmente aparecem e até mesmo com restos de carne que um açougue descarta. Antes, só os cachorros da vizinhança comiam, conta Eliane. Naquela sexta-feira, ela estava feliz. Tinha conseguido comprar salsicha para alimentar a família. É raro encontrar moradores com máscara no Vale dos Eucaliptos. Ao ouvir uma pergunta sobre sobre a pandemia, Eliane diz que nem clínica da família existe por perto, muito menos exame. O medo de adoecer e morrer ali é outro: 'A pandemia aqui é a da fome. O sofrimento aumentou muito. Mas, sabe, o dia em que como meu angu é um dia feliz', diz Eliane O Vale dos Eucaliptos é um microcosmo exemplar do quanto a pandemia agravou a pobreza no país. À carência de esgoto, à água precária, à ausência de calçamento e ao alagamento diante das chuvas fortes se somou a falta de renda e, por consequência imediata, de uma rotina alimentar. Vitória dos Santos Macedo, de 21 anos, parou de trabalhar como ambulante porque é diabética e teme se expor ao coronavírus. Vive com o marido sem água encanada e sem fogão ou geladeira. Não faz três refeições todos os dias Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo Vitória dos Santos ganhava R$ 100 a cada dia em que saía para vender picolé na Praia de Guaratiba. Aos 21 anos, diabética, não pode mais ir para não se expor ao coronavírus. Ela mora em uma das casas mais altas do Vale com o marido, desempregado. A perda da carteira de identidade a levou ao pesadelo de não conseguir se habilitar para o auxílio emergencial. Faz uma refeição por dia. Muitas vezes, nenhuma. — Tem dia que é só um prato de arroz. Tem dia que é uma mistura de arroz com feijão. A gente tinha pouco. Agora, não tem nada — conta. Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/sem-a ... e-24891545
vilela_09 30624 posts 09/08/2012 vilela_09 30624 posts 22/02/2021, 12:36 22/02/2021, 12:36 ligo triste é eu não ter conseguido comprar o ps5 ainda
Jordanes do Mar Jônico 15113 posts 25/11/2015 Jordanes do Mar Jônico 15113 posts 22/02/2021, 12:50 22/02/2021, 12:50 no Brasil isso já acontece sem pandemia, e quase ninguém se preocupa. meio óbvio que a sociedade civil é que acaba dando o suporte para quem tem alcance de receber a ajuda. quem se importa e se preocupa, não vai ficar esperando governo agir. Gus, Metta World Peace isso
Bliss 32441 posts 15/02/2012 Bliss 32441 posts 22/02/2021, 12:53 22/02/2021, 12:53 Bolsonarismo usando a pandemia de muleta pra justificar irresponsabilidade fiscal por um problema que existe há décadas no Brasil e que antigamente chamavam de "vagabundos recebedores de bolsa esmola" Que beleza Alric, ArnaldoCésar, Rlim e 6 outros isso
Chinelada na Bixarada 14124 posts 15/02/2012 Chinelada na Bixarada 14124 posts 22/02/2021, 13:09 22/02/2021, 13:09 É um sacrifício necessário a economia a gente vê depois, eu aguento mais um ano de home office, netflix e ifood de boa. Minha única exigência é que o papai estado cuide da minha saúde mantendo todos em casa e punindo com todo o rigor da lei esses aglomeradores irresponsáveis. Gus, Pelo, Metta World Peace isso
Metta World Peace 2602 posts 12/09/2018 Metta World Peace 2602 posts 22/02/2021, 13:18 22/02/2021, 13:18 Resultado óbvio do lockdown irresponsável. A turma do #ficaemcasa achou que era só fechar tudo que daria certo, agora vão fugir da responsabilidade com desculpas. Gus, Chinelada na Bixarada, Pelo e 1 outros isso
Sudit 49056 posts 24/07/2014 Sudit 49056 posts 22/02/2021, 13:22 22/02/2021, 13:22 Na época do Lula não havia isso. Dantasv2 isso
GAMEXR BR 2063 posts 23/10/2016 GAMEXR BR 2063 posts 22/02/2021, 13:23 22/02/2021, 13:23 Uma década perdida mais pandemia, resultado não tinha como ser diferente.
Alric 9432 posts 24/04/2012 Alric 9432 posts 22/02/2021, 13:28 22/02/2021, 13:28 Nego pra dar uma mamadinha no Bolso finge que isso nunca aconteceu na história do Brasil Bliss, Rlim, Mucamo isso
v00d00 2352 posts 16/12/2016 v00d00 2352 posts 22/02/2021, 14:05 22/02/2021, 14:05 Lamentável ver isso acontecendo com mais intensidade com nossos irmãos brasileiros. Extremamente lamentável ver alguns users zombando da situação ou tentando defender político . Por experiência familiar própria , sei que a fome eh uma das coisas que mais doem na tua existência. Principalmente quando vc tem filhos. Espero que todos que fazem pouco disso vão se foderem Pelo isso O meu VT está MORTO. Não quero me cadastrar. Quero apenas diversão. Achas que o LoL tem o que é preciso para esmagar a minha rata?
v00d00 2352 posts 16/12/2016 v00d00 2352 posts 22/02/2021, 14:07 22/02/2021, 14:07 Sudit escreveu: ↑ Na época do Lula não havia isso. Por experiência de conhecer o interior do nordeste em um dos estados mais pobres, posso dizer que fala a verdade. Foi uma mudança grande. Se o que ele fez foi certo ou errado eh outra questão, mas quem estava na ponta e precisava, nunca teve uma vida com tanta dignidade .. Gus, helex isso O meu VT está MORTO. Não quero me cadastrar. Quero apenas diversão. Achas que o LoL tem o que é preciso para esmagar a minha rata?
Piccolo_san 48937 posts 30/04/2012 Piccolo_san 48937 posts 22/02/2021, 14:09 22/02/2021, 14:09 Sinceramente Gus, você não pode reclamar dos esquerdistas e justiceiro sociais nunca mais por que você está agindo igualzinho a eles. Sem escrúpulo nenhum. Post-Rock in the streets, Math Rock in the sheets.
Rlim 21184 posts 16/07/2015 Rlim 21184 posts 22/02/2021, 14:15 22/02/2021, 14:15 Piccolo_san escreveu: ↑ Sinceramente Gus, você não pode reclamar dos esquerdistas e justiceiro sociais nunca mais por que você está agindo igualzinho a eles. Sem escrúpulo nenhum. Não fala isso do memezeiro engraçadinho capacho do fórum. Ele vai postar um memezinho de resposta.
Salieri 30757 posts 16/02/2012 Salieri 30757 posts 22/02/2021, 14:22 22/02/2021, 14:22 Infelizmente isso já existia antes e vai continuar existindo por muito, muito tempo. Sinceramente eu duvido que algum dia o Brasil vai conseguir eliminar todos esses problemas sociais e de pobreza, pra mim isso vai continuar existindo pra sempre, infelizmente. Editado pela última vez por Salieri em 22/02/2021, 14:27, em um total de 1 vez. A GLÓRIA ETERNA
ArnaldoCésar 398 posts 10/12/2020 ArnaldoCésar 398 posts 22/02/2021, 14:24 22/02/2021, 14:24 Bolsonaristas foram de "ensinar a pescar o próprio peixe" pra defensores de bolsa esmola
Galt 11342 posts 06/01/2013 Galt 11342 posts 22/02/2021, 14:27 22/02/2021, 14:27 Latam vai ser o continente mais pobre do mundo logo logo. Vamos ter mães moçambicanas mandando os filhos comerem tudo pq tem criança passando fome no BR. Gus isso
Gus 10523 posts 02/08/2014 Gus 10523 posts 22/02/2021, 14:29 22/02/2021, 14:29 Piccolo_san escreveu: ↑ Sinceramente Gus, você não pode reclamar dos esquerdistas e justiceiro sociais nunca mais por que você está agindo igualzinho a eles. Sem escrúpulo nenhum. Deduziu isso tudo porque eu postei uma reportagem falando que o pessoal tá passando fome por causa da pandemia???
Piccolo_san 48937 posts 30/04/2012 Piccolo_san 48937 posts 22/02/2021, 14:34 22/02/2021, 14:34 Eu sei qual foi a sua intenção. Deixa de ser tonto. Post-Rock in the streets, Math Rock in the sheets.
Gus 10523 posts 02/08/2014 Gus 10523 posts 22/02/2021, 14:36 22/02/2021, 14:36 v00d00 escreveu: ↑ Lamentável ver isso acontecendo com mais intensidade com nossos irmãos brasileiros. Extremamente lamentável ver alguns users zombando da situação ou tentando defender político . Por experiência familiar própria , sei que a fome eh uma das coisas que mais doem na tua existência. Principalmente quando vc tem filhos. Espero que todos que fazem pouco disso vão se foderem Quando se deixa uma criança passar fome na idade de desenvolvimento você está a condenando a uma vida pobre e miserável, inanição afeta demais o desenvolvimento cerebral pois o alimento que deveria fornecer energia para o cérebro está sendo consumido pelo resto do corpo para tentar não morrer de fome.
E2EK1EL 14940 posts 17/02/2012 E2EK1EL 14940 posts 22/02/2021, 14:40 22/02/2021, 14:40 Porra, essa mulher com 15 filhos aí é pobre com ou sem pandemia. Enviado de meu M2003J15SC usando o Tapatalk