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 Chico Brito
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    A língua portuguesa, também designada português, é uma língua românica flexiva ocidental originada no galego-português falado no Reino da Galiza e no norte de Portugal. Com a criação do Reino de Portugal em 1139 e a expansão para o sul como parte da Reconquista deu-se a difusão da língua pelas terras conquistadas e mais tarde, com as descobertas portuguesas, para o Brasil, África e outras partes do mundo.[3] O português foi usado, naquela época, não somente nas cidades conquistadas pelos portugueses, mas também por muitos governantes locais nos seus contatos com outros estrangeiros poderosos. Especialmente nessa altura a língua portuguesa também influenciou várias línguas.[4]
    https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesa



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    músicas, poemas, coisas de verdade.

    na moral, língua portuguesa espanca inglês, grego com força.
    Starkk, helex  isso

     ai caramba
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    portugues é uma lingua maravilhosa mesmo. Mas a formal. A coloquial é horrivel. A palavra você e o gerundio destruiram a lingua.
    Editado pela última vez por ai caramba em 09/08/2020, 23:13, em um total de 1 vez.
    Reloaded  isso

     Chico Brito
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    Não sou nada.

    Nunca serei nada.

    Não posso querer ser nada.

    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

    Janelas do meu quarto,

    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é

    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),

    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,

    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,

    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,

    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,

    Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,

    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.

    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,

    E não tivesse mais irmandade com as coisas

    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua

    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada

    De dentro da minha cabeça,

    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

    Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.

    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo

    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,

    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

    Falhei em tudo.

    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.

    A aprendizagem que me deram,

    Desci dela pela janela das traseiras da casa,

    Fui até ao campo com grandes propósitos.

    Mas lá encontrei só ervas e árvores,

    E quando havia gente era igual à outra.

    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?

    Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!

    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

    Génio? Neste momento

    Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,

    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,

    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.

    Não, não creio em mim.

    Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!

    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?

    Não, nem em mim...

    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo

    Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?

    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas —

    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas —,

    E quem sabe se realizáveis,

    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?

    O mundo é para quem nasce para o conquistar

    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.

    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.

    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,

    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.

    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,

    Ainda que não more nela;

    Serei sempre o que não nasceu para isso;

    Serei sempre só o que tinha qualidades;

    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta

    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,

    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.

    Crer em mim? Não, nem em nada.

    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente

    O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,

    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.

    Escravos cardíacos das estrelas,

    Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;

    Mas acordámos e ele é opaco,

    Levantámo-nos e ele é alheio,

    Saímos de casa e ele é a terra inteira,

    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

    (Come chocolates, pequena;

    Come chocolates!

    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.

    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.

    Come, pequena suja, come!

    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!

    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,

    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei

    A caligrafia rápida destes versos,

    Pórtico partido para o Impossível.

    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,

    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro

    A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,

    E fico em casa sem camisa.

    (Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,

    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,

    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,

    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,

    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,

    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,

    Ou não sei quê moderno — não concebo bem o quê —,

    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!

    Meu coração é um balde despejado.

    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco

    A mim mesmo e não encontro nada.

    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.

    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,

    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,

    Vejo os cães que também existem,

    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,

    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

    Vivi, estudei, amei, e até cri,

    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.

    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,

    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses

    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);

    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo

    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

    Fiz de mim o que não soube,

    E o que podia fazer de mim não o fiz.

    O dominó que vesti era errado.

    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.

    Quando quis tirar a máscara,

    Estava pegada à cara.

    Quando a tirei e me vi ao espelho,

    Já tinha envelhecido.

    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.

    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário

    Como um cão tolerado pela gerência

    Por ser inofensivo

    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

    Essência musical dos meus versos inúteis,

    Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,

    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,

    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,

    Como um tapete em que um bêbado tropeça

    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.

    Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada

    E com o desconforto da alma mal-entendendo.

    Ele morrerá e eu morrerei.

    Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.

    A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.

    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,

    E a língua em que foram escritos os versos.

    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.

    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente

    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

    Sempre uma coisa defronte da outra,

    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,

    Sempre o impossível tão estúpido como o real,

    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,

    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),

    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.

    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,

    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los

    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.

    Sigo o fumo como uma rota própria,

    E gozo, num momento sensitivo e competente,

    A libertação de todas as especulações

    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

    Depois deito-me para trás na cadeira

    E continuo fumando.

    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira

    Talvez fosse feliz.)

    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).

    Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.

    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)

    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.

    Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo

    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.








    lenda do caralho :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao:

     ai caramba
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    Autor: Cosme Rimoli

     Chico Brito
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    :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :emocao: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4: :chorar4:



    A música é mais forte cantada em português, duvido que seria muito linda em inglês
    Editado pela última vez por Chico Brito em 09/08/2020, 23:20, em um total de 1 vez.

     ai caramba
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    lixo

    Luiz de Camões >>> Fernando Lixoa esquizofrênico

     ai caramba
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    Chico Brito escreveu: Imagem
    esse é D'us

     Chico Brito
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    a magia dessa música se perderia em inglês

     ai caramba
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    mas o melhor foi esse cara:
    La quando em mim perder a humanidade
    Mais um daquelles, que não fazem falta,
    Verbi-gratia — o theologo, o peralta,
    Algum duque, ou marquez, ou conde, ou frade:

    Não quero funeral communidade,
    Que engrole "sub-venites" em voz alta;
    Pingados gattarrões, gente de malta,
    Eu tambem vos dispenso a caridade:

    Mas quando ferrugenta enxada edosa
    Sepulchro me cavar em ermo outeiro,
    Lavre-me este epitaphio mão piedosa:

    "Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
    Passou vida folgada, e milagrosa;
    Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".

    :lolsuper: :lolsuper: :lolsuper: :lolsuper:

     Chico Brito
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    ai caramba escreveu: mas o melhor foi esse cara:
    La quando em mim perder a humanidade
    Mais um daquelles, que não fazem falta,
    Verbi-gratia — o theologo, o peralta,
    Algum duque, ou marquez, ou conde, ou frade:

    Não quero funeral communidade,
    Que engrole "sub-venites" em voz alta;
    Pingados gattarrões, gente de malta,
    Eu tambem vos dispenso a caridade:

    Mas quando ferrugenta enxada edosa
    Sepulchro me cavar em ermo outeiro,
    Lavre-me este epitaphio mão piedosa:

    "Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
    Passou vida folgada, e milagrosa;
    Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".

    :lolsuper: :lolsuper: :lolsuper: :lolsuper:
    Bocage né amigo?

    Só vergonha.

    Acho que os melhores do português são Machado, Camões, Eça e mais um que não me lembro por está bebo

     Chico Brito
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    Adriana Calcanhotto arregaça, conhece pra caralho

    Ainda tem o seu perfume pela casa
    Ainda tem você na sala
    Porque meu coração dispara
    Quando tem o seu cheiro
    Dentro de um livro
    Na cinza das horas

     Chico Brito
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    Lusíadas para mim tá no mesmo nível que Odisséia.

     ai caramba
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    não fale mal do Bocage, maluco é um gênio
    É pau, é rei dos paus, não marmeleiro,
    Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
    Dá leite, sem ser árvore de figo,
    Da glande o fruto tem, sem se sobreiro:

    Verga, e não quebra, como zambujeiro;
    Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
    Branco às vezes, qual vime, está consigo;
    Outras vezes mais rijo que um pinheiro:

    À roda da raiz produz carqueja;
    Todo o resto do tronco é calvo e nu;
    Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!

    Para carvalho ser falta-lhe um V;
    Adivinhem agora que pau seja,
    E quem adivinhar meta-o no cu.

    :lolsuper: :lolsuper: :lolsuper: :lolsuper: genial

     Chico Brito
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    Que pode uma criatura senão,
    entre criaturas, amar?
    amar e esquecer, amar e malamar,
    amar, desamar, amar?
    sempre, e até de olhos vidrados, amar?

    Que pode, pergunto, o ser amoroso,
    sozinho, em rotação universal,
    senão rodar também, e amar?
    amar o que o mar traz à praia,
    o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
    é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?


    Carlos Drummond de Andrade


    :emocao:

    GOAT

     Chico Brito
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    Dom Casmurro é um dos melhores livros de todos os tempos. 8-)

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